SINTESE ENTRE RELIGIAO E FILOSOFIA
Bertrand Russel refletindo sobre: A Filosofia entre a Religião e A Ciência, declara que em sua compreensão, a filosofia é algo intermediário entre a teologia e a ciência.
Segundo ele, a teologia consiste de especulações sobre assuntos a que o conhecimento exato não conseguiu até agora chegar. Entretanto, todo conhecimento definido pertence a ciência. Já a filosofia é uma terra de ninguém exposta aos ataques da ciência e da teologia.
Na verdade, a Religião, a Filosofia e a Ciência têm objetivos comuns: tentar compreender, ordenar e explicar o Homem e sua relação com o universo. A diferença é que os instrumentos utilizados para a compreensão do universo são diferentes.
Russel levanta alguns questionamentos: "Acha-se o mundo dividido em espírito e matéria? E, supondo-se que assim seja, que é espírito e que é matéria? Acha-se o espírito sujeito à matéria, ou é ele dotado de forças independentes? Possui o universo alguma unidade ou propósito? Está ele evoluindo rumo a alguma finalidade? Existem realmente leis da natureza, ou acreditamos nelas devido unicamente ao nosso amor inato pela ordem? É o homem o que ele parece ser ao astrônomo, isto é, um minúsculo conjunto de carbono e água a rastejar, impotentemente, sobre um pequeno planeta sem importância? Ou é ele o que parece ser a Hamlet? Acaso é ele, ao mesmo tempo, ambas as coisas? Existe uma maneira de viver que seja nobre e uma outra que seja baixa, ou todas as maneiras de viver são simplesmente inúteis? Se há um modo de vida nobre, em que consiste ele, e de que maneira realizá-lo"
Diante dessas indagações, ele entende que a resposta da teologia é demasiadamente concludente. Entretanto, é dever da filosofia estudar tais questões mesmo não tendo uma resposta adequada.
Diante deste contexto, Bertrand afirma:
1) A ciência diz-nos o que podemos saber, mas o que podemos saber é muito pouco e, se esquecemos quanto nos é impossível saber, tornamo-nos insensíveis a muitas coisas sumamente importantes;
2) A teologia, por outro lado, nos induz à crença dogmática de que temos conhecimento de coisas que, na realidade, ignoramos e, por isso, gera uma espécie de insolência impertinente com respeito ao universo;
3) Ensinar a viver sem essa segurança e sem que se fique, não obstante, paralisado pela hesitação, é talvez a coisa principal que a filosofia, me nossa época, pode proporcionar àqueles que a estudam.
Segundo Bertrand Russel a filosofia depois de surgir na Grécia foi subjugada pela teologia com o surgimento do cristianismo, mas adiante foi dominada pela igreja católica, e a partir do século XVII foi dominada pela ciência.
Em sua concepção, Bertrand Russel afirma que os filósofos se dividem em dois grupos: 1) Os que querem estreitar os laços sociais; 2) Os que desejam que os laços sociais sejam afrouxados. Segundo ele, na Grécia, a coesão social era assegurada pela lealdade ao Estado-Cidade. Já em Esparta, o individuo tinha pouca liberdade. Então, a coesão social que vai do tempo de Alexandre a Constantino foi assegurada não pela filosofia e nem pelas antigas fidelidades, mas: 1) pela força dos exércitos; 2) pela administração civil.
Para Bertrand Russel a coesão social é uma necessidade. Entretanto, a humanidade jamais conseguiu impor a coesão mediante argumentos meramente racionais.
Na verdade, a Religião, a Filosofia e a Ciência têm objetivos comuns: compreender, ordenar e explicar o Homem e sua relação com o Cosmo.
A religião usa as emoções, os sentimentos e a espiritualidade para tentar conseguir significado absoluto da vida e do mundo.
A Filosofia usa o pensamento como seu instrumento de trabalho ou fonte de matéria-prima para tentar conseguir significado absoluto da vida e do mundo.
A ciência é o esforço secular de reunir, através do pensamento sistemático, os fenômenos perceptíveis deste mundo, numa associação tão completa quanto possível.
Resumindo: a religião, filosofia e ciência: nos dão os principais sinais de pontuação para lermos nosso mundo e interpretarmos nossas ações. A religião nos dá o ponto final, a filosofia nos dá a interrogação e a ciência a exclamação.
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